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CONHEÇA OS SEUS DIREITOS

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Artigo 5º da Constituição Federal Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

BIOGRAFIA DE DWIGHT LYMAN MOODY (1837-1899)


            Um total de quinhentas mil almas ganhas para Cristo, é o cálculo da colheita que Deus fez por intermédio de seu humilde servo. Moody nasceu em 5 de fevereiro de 1837, o sexto filho de nove, numa pobre família do Connecticut, EUA. Sua mãe ficou viúva com os filhos ainda pequenos, o mais velho tinha 12 e ela estava grávida de gêmeos quando o marido morreu. Sua mãe foi uma crente fiel e soube instruir seus filhos no Caminho.
            Aos vinte e quatro anos, logo após casar-se, em Chicago, Moody deixou um bom emprego para trabalhar todos os dias no serviço de Cristo, sem ter promessa de receber um único centavo. Tendo trabalhado com Escolas Bíblicas e evangelização em Chicago, atuou também junto aos soldados durante a Guerra Civil.
            Teve uma tremenda experiência numa viagem a Inglaterra. Visitou Spurgeon no Metropolitan Tabernacle e impressionou-se. Também contactou Jorge Muller e o organato em Bristol. Nesta mesma viagem, o que mais impressionou Moody e o levou a buscar definitivamente uma experiência mais profunda com Cristo foram estas palavras proferidas por um grande ganhador de almas de Dublim, Henrique Varley: O mundo ainda não viu o que Deus fará com, para e pelo homem inteiramente a Ele entregue.
            Um terrível incêndio que praticamente destruiu Chicago, em 1871, também foi um divisor de águas na vida de Moody. Nesta época ele teme uma marcante experiência com o Espírito Santo. Voltou a pregar na Inglaterra posteriormente e Deus o usou para inflamar os corações.. Na Escócia, multidões buscaram ao Senhor. Na Irlanda, maravilhas também ocorreram, com conversões de multidões ao Senhor.
            Para termos idéia, esta viagem culminou com quatro meses de cultos em Londres. Moody pregava alternadamente em quatro centros. Realizaram-se 60 cultos no Agricultural Hall, aos quais um total de 720.000 pessoas assistiram; em Bow Road Hall, 60 cultos, aos quais 600.000 assistiram; em Camberwell Hall, 60 cultos, com a assistência de 480.000; Haymarket Opera House, 60 cultos, 330.000; Vitória Hall, 45 cultos, 400.000 asistentes.
            Retornou aos EUA em 1875, sendo reconhecido como o mais famoso pregador do mundo, continuando a ser um humilde servo de Deus.  Durante um período de 20 anos dirigiu campanhas com grandes resultados nos Estados Unidos, Canadá e México. Em diversos lugares as campanhas duraram até seis meses.
            Transcrevo um depoimento de um dos assistentes a um dos cultos promovidos por Moody: Nunca jamais me esquecerei de certo sermão que Moody pregou. Foi no circo de Forepaugh durante a Exposição Mundial. Estavam presentes 17.000 pessoas, de todas as classes e de todas as qualificações. O texto do sermão foi: “ Pois o Filho do omem veio buscar e salvar o que se havia perdido”. Grandiosa era a unção do pregador; parecia que estva em íntimo contacto com todos os corações daquela massa de gente. Moody disse repetidamente: “ Pois o Filho do homem veio – veio hoje ao Circo Forepaugh para procurar e salvar o que se perdera”. Escrito e impresso isso parece um ermão comum, mas as suas palavras, pela santa unção que lhe sobreveio, tornaram-se palavras de espírito e de vida.

BIOGRAFIA DE CHARLES SPURGEON (1834-1892)



             Conhecido como o “príncipe dos pregadores”, aos 19 anos já era pastor na Park Street Chapel, em Londres. A princípio um luar muito amplo, para mil e duzentas pessoas, porém freqüentado por um pequeno grupo de fiéis. Em poucos meses o prédio não comportava mais a multidão e eles se mudaram para um outro auditório que comportava quatro mil e quinhentas pessoas! A Igreja então resolveu alugr o Surrey Music Hall, o prédio mais amplo, imponente e magnífico de Londres, construído para diversões públicas. O culto inaugural deu-se em 19 de outubro de 1856. Quando o culto começou, o prédio no qual cabiam 12.000 pessoas estava superlotado e havia mais 10.000 fora que não puderam entrar!
            Uma terrível catástrofe ocorreu neste dia. Ao início do culto, pessoas diabólicas se levantaram gritando “ Fogo! Fogo!”, provocando um grande alvoroço e um saldo de sete pessoas mortas e vinte e oito gravemente feridos. Isto não impediu que o interesse pelos cultos até aumentasse. Em março de 1861 sua Igreja concluiu a construção do Metropolitan Tabernacle, local que comportava uma média de 5.000 pessoas a cada culto dominical, isto perdurando pelos próximos 31 anos.  Pregou em cidades de toda a Inglaterra e noutros países: Escócia, Irlanda, Gales, Holanda e França. Pregava ao ar livre e nos maiores edifícios, em média oito a doze vezes por semana!
            Spurgeon publicou inúmeros livros. Milhares de sermões seus foram publicados e traduzidos para diversas línguas. Além de pregar constantemente a grandes auditórios e de escrever tantos livros, esforçou-se em vários outros ramos de atividades. Inspirado pelo exemplo de Jorge Muller, fundou e dirigiu o orfanato de Stockwell.  Reconhecendo a necessidade de instruir os jovens chamados por Deus a proclamar o Evangelho, fundou e dirigiu o Colégio dos Pastores. A oração fervorosa era um hábito em sua vida. Contava com trezentos intercessores que, todas as vezes que pregava, mantinham-se em súplica.

BIOGRAFIA DE CHARLES FINNEY (1792-1875)



              Nasceu de uma família descrente e se criou num lugar onde os membros da igreja conheciam apenas a formalidade fria dos cultos. Tornou-se um advogado que, ao encontrar nos seus livros de jurisprudência muitas citações da Bíblia, comprou ume exemplar com a intenção de conhecer as Escrituras. Eis um trecho de sua biografia: Ao ler a Bíblia, ao assistir às reuniões de oração, e ouvir os sermões do senhor Galé, percebi que não me achava pronto a entrar nos céus... Fiquei impressionado especialmente com o fato de as orações dos crentes, semana após semana, não serem respondidas. Li na Bíblia “pedi e dar-se-vos-á”. Li, também, que Deus é mais pronto a dar o Espírito Santo aos que lho pedirem, do que os pais terrestres a darem boas coisas aos filhos. Ouvia os crentes pedirem um derramamento do Espírito Santo e confessarem, depois, que não o receberam. Exortavam uns aos outros a se despertarem para pedir, em oração, um derramamento do Espírito de Deus e afirmavam que assim haveria um avivamento com a conversão de pecadores... Foi num domingo de 1821 que assentei no coração resolver o problema sobre a salvação da minha alma e ter paz com Deus. (...) Fui vencido pela convicção do grande pecado de eu envergonhar-me se alguém me encontrasse de joelhos perante Deus, e bradei em alta voz que não abandonaria o lugar, nem que todos os homens da terra e todos os demônios do inferno me cercassem. O pecado parecia-me horrendo, infinito. Fiquei quebrantado até o pó perante o Senhor. Nessa altura, a seguinte passagem me iluminou: “ Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração”.
            A conversão de Finney e o seu imediato batismo no Espírito Santo, contados em sua biografia, são impressionantes. O amor a Deus, a fome de sua Palavra, a unção para testemunhar e anunciar do Evangelho vieram sobre ele no dia de sua entrega a Jesus. Imediatamente, o advogado perdeu todo o gosto pela sua profissão e tornou-se um dos mais famosos pregadores do Evangelho.
            Eis o segredo dos grandes pregadores, nas palavras do próprio Finney: Os meios empregados eram simplesmente pregação, cultos de oração, muita oração em secreto, intensivo evangelismo pessoal e cultos para a instrução dos interessados. Eu tinha o costume de passar muito tempo orando; acho que, às vezes, orava realmente sem cessar. Achei, também, grande proveito em observar freqüentemente dias inteiros de jejum em secreto. Em tais dias, para ficar inteiramente sozinho com Deus, eu entrava na mata, ou me fechava dentro do templo.
            Conta-se acerca deste pregador que depois de ele pregar em Governeur, no Estado de New York, não houve baile nem representação de teatro na cidade durante seis anos. Calcula-se que somente durante os anos de 1857 e 1858, mais de 100 mil pessoas foram ganhas para Cristo pelo ministério de Finney. Na Inglaterra, durante nove meses de evangelização, multidões também se prostraram diante do Senhor enquanto Finney pregava.
            Descobriu-se que mais de 85 pessoas de cada 100 que se convertiam sob a pregação de Finney permaneciam fiéis a Deus; enquanto 75 pessoas de cada cem, das que professaram conversão nos cultos de algum dos maiores pregadores, se desviavam. Parece que Finney tinha o poder de impressionar a consciência dos homens sobre a necessidade de um viver santo, de tal maneira que produzia fruto mais permanente.

BIOGRAFIA DE MARTINHO LUTERO (1483-1546)



            Era um destacado monge agostiniano, doutor em teologia e pregador na cidade de Wittemberg, quando ocorreu uma grande transformação em sua vida. Ele mesmo contou: Desejando ardentemente compreender as palavras de Paulo, comecei o estudo da Epístola aos Romanos. Porém, logo no primeiro capítulo consta que a justiça de Deus se revela no Evangelho (vs 16 e 17). Eu detestava as palavras “a justiça de Deus”, porque conforme fui ensinado, eu a considerava como um atributo do Deus santo que o leva a castigar os pecadores. Apesar de viver irrepreensivelmente, como monge, a consciência perturbada me mostrava que era pecador perante Deus. Assim odiava a um Deus justo, que castiga os pecadores... Senti-me ferido de consciência, revoltado intimamente, contudo voltava sempre ao mesmo versículo, porque queria saber o que Paulo ensinava. Contudo, depois de meditar sobre esse ponto durante muitos dias e noites, Deus, na sua graça, me mostrou a palavra “o justo viverá da fé”. Vi então que a justiça de Deus, nessa passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe de Deus pela fé, como dádiva. Então me achei recém nascido e no Paraíso. Todas as Escrituras tinham para mim outro aspecto; perscrutava-as para ver tudo quanto ensinam sobre a justiça de Deus. Antes, estas palavras eram-me detestáveis; agora as recebo com o mais intenso amor. A passagem me servia como a porta do Paraíso.
            Em outubro de 1517, Lutero afixou à porta da Igreja do Castelo de Wittemberg as 95 teses, o teor das quais é que Cristo requer o arrependimento e a tristeza pelo pecado e não a penitência. Lutero afixou as teses para um debate público, na porta da igreja, como era costume nesse tempo. Estas teses, escritas em latim, foram logo traduzidas para o alemão, holandês e espanhol. Logo, estavam na Itália, fazendo estremecer os alicerces de Roma. Foi desse ato de afixar as 95 teses que nasceu a Reforma.
            Um ano depois de afixar as teses, Lutero era o homem mais popular em toda a Alemanha. Quando a bula de excomunhão, enviada pelo Papa, chegou a Wittemberg, Lutero respondeu com um tratado dirigido ao Papa Leão X, exortando-o, no nome do Senhor, a que se arrependesse. A bula do Papa foi queimada fora do muro da cidade de Wittemberg, perante grande ajuntamento do povo.
            Lutera era um erudito em hebraico e grego, o que facilitou sua grande obra, a tradução da Bíblia para o alemão. Ele mesmo escreveu para o seu povo: Jamais em todo o mundo se escreveu um livro mais fácil de compreender do que a Bíblia. Comparada aos outros livros, é como o sol em contraste com todas as demais luzes. Não vos deixeis levar a abandona-la sob qualquer pretexto. Se vos afastardes dela por um momento, tudo estará perdido; podem levar-vos para onde quer que desejam. Se permanecerdes com as Escrituras, sereis vitoriosos.
            Depois de abandonar o hábito de monge, Lutero resolveu deixar por completo a vida monástica, casando-se com Catarina von Bora, freira que também saíra do claustro, e geraram seis filhos.

BIOGRAFIA DE JOHN WESLEY (1703-1791)



          Foi um instrumento poderoso nas mãos de Deus para um grande avivamento no século XVIII. Nascido em Epworth, Inglaterra, numa família de dezenove irmãos! Em 1735 foi para a Geórgia como missionário aos índios norte-americanos, não chegando a ministrar aos índios, mas sim aos colonos na Geórgia. Durante uma tempestade na travessia do Oceano Atlântico, Wesley ficou profundamente impressionado com um grupo de morávios a bordo do navio. A fé que tinham diante do risco da morte (o medo de morrer acompanhava Wesley constantemente durante a sua juventude) predispôs Wesley à fé evangélica dos morávios. Retornou à Inglaterra em 1738.
            Numa reunião de um grupo morávio na rua Aldersgate, em 24 de maio de 1738, ao escutar uma leitura tirada do prefácio de Lutero ao seu comentário de Romanos, Wesley sentiu seucoração aquecido de modo estranho. Embora os estudiosos discordem entre si quanto à natureza exata dessa experiência, nada dentro de Wesley ficou sem ser tocado pela fé que acabara de receber.
            Depois de uma viagem rápida para a Alemanha para visitar a povoação moravia de Herrnhut, voltou para a Inglaterra e, juntamente com George Whitefield, começou a pregar a salvação pela fé. Essa “nova doutrina” era considerada redundante pelos sacramentalistas da Igreja Oficial que achavam que as pessoas já eram suficientemente salvas em virtude de seu batismo na infância.
            Em 1739, John Wesley foi a Bristol, onde surgiu um reavivamento entre os mineiros de carvão em Kingswood. O reavivamento continuou sob a liderança direta dele durante mais de cinqüenta anos. Viajou cerca de 400.000 km, por todas as partes da Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda, pregando cerca de 40.000 sermões. Sua influência se estendeu à América do Norte. O metodismo veio a tornar-se uma denominação após a morte de Wesley.

BIOGRAFIA DE JONATHAN EDWARDS (1703-1758)



          Grande pregador dos EUA, ingressou no ministério em 1726. Seu primeiro pastorado foi em Northampton, Massachusetts, onde serviu até 1750. Foi contemporâneo e atuante num grande despertamento espiritual e tido por alguns como o maior teólogo da América do Norte. Era pregador excelente, com célebres sermões publicados: Deus Glorificado na Dependência do Homem (1731), Uma Luz Divina e Sobrenatural (1733) e o mais famoso, Pecadores nas Mãos de um Deus Irado (1741).
            Sobre o sermão mais famoso, baseou-se em Deuteronômio 32:35. Depois de explicar a passagem, acrescentou que nada evitava que os pecadores caíssem no inferno, a não ser a própria vontade de Deus. Afirmou que Deus estava mais encolerizado com alguns dos ouvintes do que com muitas pessoas que já estavam no inferno. Disse que o pecado era como um fogo encerrado dentro do pecador e pronto, com a permissão de Deus, a transformar-se em fornalhas de fogo e enxofre, e que somente a vontade de Deus indignado os guardava da morte instantânea.
            Continuou, então, aplicando ao texto ao auditório: Aí está o inferno com a boca aberta. Não existe coisa alguma sobre a qual vós vos possais firmar e segurar... há, atualmente, nuvens negras da ira de Deus pairando sobre vossas cabeças, predizendo tempestades espantosas, com grandes trovões. Se não existisse a vontade soberana de Deus, que é a única coisa para evitar o ímpeto do vento até agora, seríeis destruídos e vos tornaríeis como a palha da eira... O Deus que vos segura na mão, sobre o abismo do inferno, mais ou menos como o homem segura uma aranha ou outro inseto nojento sobre o fogo, durante um momento, para deixa-lo cair depois, está sendo provocado ao extremo... Não há que admirar, se alguns de vós com saúde e calmamente sentados aí nos bancos, passarem para lá antes de amanhã...
            O sermão foi interrompido pelos gemidos dos homens e os gritos das mulheres; quase todos ficaram de pé ou caídos no chão. Durante a noite inteira a cidade de Enfield ficou como uma fortaleza sitiada. Teve início um dos maiores avivamentos dos tempos modernos na Nova Inglaterra.

DOZE REGRAS PARA UM BOM SERMÃO




1. Prepare bem o seu sermão, decida fazer o melhor.

2. Tente achar uma boa introdução: adequada, criativa, interessante.
  
3. Formule para você mesmo o objetivo do sermão: tenha certeza da direção que precisa apontar aos ouvintes.

4. Afaste tudo que poderia desviar os pensamentos dos seus ouvintes para uma trilha secundária.

5. Organize sua mensagem: tome todas as precauções para não ficar repetitivo, inseguro, perdido em meio às idéias.

6. Use uma linguagem viva e simples.

7. Use ilustrações e exemplos práticos em quantidade suficiente.

8. Diga “eu”.  Não adquira o hábito de referir-se a você como “nós”, isto já está totalmente ultrapassado.

9. Seja você mesmo.  Não queira imitar outros pregadores.

10. Mostre humildade e apreço pelos ouvintes.

11. Fale ao coração dos seus ouvintes.

12. Sempre dê aos ouvintes algo que eles possam colocar em prática.

a análise das características dos grandes pregadores e seus sermões



 1. Os grandes pregadores em qualquer época levam muito a sério a chamada de Deus para pregar a Boa Nova. Reconhecem que são porta-vozes de Deus e devem a Ele sua lealdade e obediência. (I Cor 9:6 e Jr 20:9)
 2. Eles entendem que a pregação é a atividade mais importante do seu ministério. O preparo e pregação de sermões é uma prioridade em suas vidas.
 3. Eles são evangelistas fervorosos e têm fé que Deus vai usá-los na conversão de pessoas sem Cristo.
 4. São íntegros e autênticos, e a pregação não é somente o que fazem, mas antes é o que são. Têm a confiança do povo, de que são "homens de Deus".
 5. Eles continuam a crescer e a ter experiências novas com Deus.
 6. Os grandes pregadores são caracterizados pela sua fé, entusiasmo e gozo em Cristo.
 7. Eles procuram se identificar com o povo, amam o povo e em seus sermões procuram satisfazer as necessidades do povo.
 8. O estudo dos grandes pregadores demonstra como eles gostam de pregar, e como aproveitam todas as oportunidades possíveis para anunciar a Palavra.
 9. São estudantes da Palavra de Deus, com o desejo insaciável de ler e juntar informações e idéias sobre os textos escolhidos para seus sermões. Eles têm certeza de que a Bíblia é a Palavra de Deus.
 10. Os grandes pregadores de todas as épocas pregam com idéias lógicas e simples.
 11. Usam de imaginação, criatividade e humor. Sempre estão procurando idéias e ilustrações para sermões.
 12. Suas mensagens não são teóricas e abstratas, somente com fatos e detalhes do texto bíblico. Pregam mensagens práticas, aplicáveis à vida dos ouvintes. Envolvem o povo em suas mensagens, com aplicações objetivas, práticas, pessoais e dinâmicas.
 13. Utilizam suas próprias personalidades e desenvolvem seus próprios métodos de proferir sermões. Não imitam os outros, mas deixam uma marca distinta em seus ministérios de púlpito.
 14. São interessados na técnica da comunicação, no uso da voz, na gesticulação e em toda a arte da comunicação com o corpo.
 15. Dão muita ênfase à boa música nos cultos.
 16. A maioria dos grandes pregadores em todas as épocas são escritores. Blackwood ensina que se quiser pregar bem, você deve desenvolver a arte da palavra escrita, aprendendo a colocar suas idéias no papel. A arte de escrever envolve disciplina, precisão de idéias, aumento do poder descritivo, capacidade de auto-crítica, atenção a detalhes da gramática, concordância, etc. Mas os sermões escritos não devem ser lidos.

O QUE É A HOMILETICA




a) Definição:
É o estudo dos fundamentos e princípios de como preparar e proferir sermões.
É a ciência cuja arte é a pregação e cujo resultado é o sermão. 
É a arte do preparo e pregação de sermões.
b) O Campo da Homilética:
O estudo e pesquisa necessárias para que os sermões tenham conteúdos bíblico e contemporâneo.
A arte da organização das idéias que serão apresentadas.
A arte do uso do idioma.
A arte da apresentação do sermão.
c) A Pregação Bíblica:
Phillips Brooks: É a apresentação da verdade através da personalidade; é a comunicação da verdade aos homens mediante o homem.
G. Campbell Morgan: É a proclamação da graça de Deus, sob a autoridade do trono de Deus, visando atender as necessidades humanas.
Andrew W. Blackwood:
 É a verdade de Deus apresentada por uma personalidade escolhida, para ir ao encontro das necessidades humanas.

Bernard Manning: É uma manifestação do Verbo Encarnado desde o Verbo escrito e por meio do verbo falado.
Jesse C. Northcutt:
 É a proclamação pública da verdade divina baseada nas Escrituras, por uma personalidade escolhida, com o propósito de satisfazer as necessidades humanas.

Haddon W. Robinson:
 A pregação expositiva é a comunicação de um conceito bíblico, derivado de e transmitido através de um estudo histórico, gramatical e literário de uma passagem no seu contexto, que o Espírito Santo primeiramente aplica à personalidade e experiência do pregador e depois, através dele, aos seus ouvintes.

Jerry Key: É a fiel exposição do sentido correto de um ou mais textos da Bíblia, ilustrando a exposição e aplicando-a à vida dos ouvintes, envolvendo-os de tal maneira que são satisfeitas as suas necessidades, sendo que esta comunicação é feita por uma pessoa com experiência real com Cristo e guiada pelo Espírito Santo.

A Procura de Substitutos à Pregação



               Não resta dúvida que a Bíblia nos ensina acerca da centralidade da pregação. O próprio Senhor Jesus dedicava-se à pregação em seu ministério: “Ele porém lhes disse: É necessário que eu vá também às outras cidades e anuncie o evangelho do Reino de Deus; porque para isso é que fui enviado. E pregava nas sinagogas da Judéia.” (Lucas 4:44). Embora Jesus se destacasse pelo seu ensino e pelas curas que operava, a pregação ocupou lugar central em seu ministério.
              O verbo grego kerusso, “proclamar”,  “anunciar como um arauto”, é aplicado a Jesus tanto no texto acima como em vários outros: “Foi Jesus para a Galiléia pregando o Evangelho de Deus” (Marcos 1:14), “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino...” (Mateus 9:35).
              Na Bíblia também aprendemos que Jesus transmitiu esta mesma prioridade aos seus discípulos.  O capítulo 3 do Evangelho de Marcos nos descreve que Jesus, depois de orar, “chamou a si os que Ele mesmo queria” e que, vindo a Ele, “designou doze para que estivessem com Ele, e os mandasse pregar...” (v. 13 a 15). Em Lucas 9:2  novamente encontramos que Jesus enviou seus discípulos a pregar.
              Que tal prioridade foi abraçada pela Igreja apostólica, o livro de Atos não nos deixa dúvidas. Que a pregação era vista como prioridade pelo apóstolo Paulo, suas cartas bem podem atestar. Em II Timóteo 4:2  o apóstolo transmite ao seu “filho” uma recomendação que bem atesta o que na sua opinião era prioridade no ministério pastoral: “Prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda a longanimidade e ensino.
              Num artigo publicado em O Jornal Batista, Fausto Aguiar Vasconcelos referiu-se ao célebre Pr. Rúbens Lopes e a uma frase de sua autoria: “O púlpito é o apogeu do ministério pastoral”. Concordando com esta opinião, o articulista enaltece a oportunidade que o pregador tem dominicalmente de ministrar a Palavra de Deus ao seu rebanho e a responsabilidade que isto confere ao pregador. O mesmo afirma que, diante de tamanha responsabilidade, o pastor não deve afastar-se de seu púlpito, a não ser excepcionalmente, justamente porque “o púlpito é a maior arma do pastor”.
              Esta mesma opinião é defendida por Lloyd-Jones na obra que é resultado de suas preleções proferidas aos estudantes do Seminário Teológico Westminster, durante seis semanas, em 1969, com o tema “A Pregação e os Pregadores”.  Para ele a pregação, além de ser tarefa primordial da Igreja,  é a salvação para restabelecer o papel da Igreja no mundo. Ele acreditava que se houver pregação nos moldes corretos as pessoas virão para ouvi-la, pois a pregação sempre atrai pessoas.
      Deus continua sendo o mesmo, e o homem continua sendo o mesmo... Ele honrará 
      este método. Esse é o método através do qual as igrejas sempre vieram à existência.
                Este mesmo autor comenta acerca dos substitutos da pregação no culto, chamados à existência pelo declínio na importância da pregação. O autor nota uma incrementação do “elemento de entretenimento no culto público”. Este elemento de entretenimento pode relacionar-se a muitas práticas adotadas pelas Igrejas modernas e que visam simplesmente satisfazer o povo. Não que haja erro em “satisfazer o povo”, afinal estamos tratando justamente da necessidade de a pregação atentar para as reais necessidades do povo. Acontece que o tal “entretenimento” que, consequentemente ocupa o lugar deixado pela pregação, não dá ao povo o que este precisa, mas o que o povo gosta.
              Esta é a questão: a pregação é insubstituível. Outros elementos do culto podem auxiliar a pregação, mas não substituí-la.
              Nos nossos dias já é normal que Igrejas tenham longos momentos de cânticos alegres e juvenis, com suas melodias simples e de fácil aprendizado. Muitas vezes estes cânticos  pouco têm a ensinar devido à simplicidade de suas letras que, nem sempre, são elaboradas seguindo preceitos doutrinários corretos. Testemunhos de bênçãos alcançadas, períodos de intercessão, dentre outras práticas, têm feito parte da liturgia de número crescente de nossas Igrejas. Tais coisas não são perniciosas em si, porém, atentamos para que sua utilização acentua-se na medida em que a pregação torna-se insatisfatória.
              Aliás, vale ressaltar que no meio “evangélico” nacional coisas espantosas se tem feito. Há expulsões de demônios esdrúxulos, como o da obesidade, da caspa, da bronquite e da asma. Num artigo publicado na revista Ultimato, Marcos Roberto Inhauser, teólogo menonita, refere-se a uma igreja carioca onde plantou-se arruda em frente ao templo para impedir a entrada de demônios. Noutra, segundo o autor, os membros são orientados a vir com um galho de arruda na orelha para impedir que Satanás atrapalhe na hora de ouvir a mensagem.
              Inhauser comenta também acerca de uma igreja em Campinas que vendeu folhas da Bíblia do púlpito e orientou os compradores a comê-las para que tivessem a Palavra de Deus “por dentro”. Ainda sobre as tendências de se substituir a pregação por elementos de entretenimento no culto, Inhauser observa:
      A exposição séria da Palavra tem cedido lugar aos testemunhos. O louvor        praticado em algumas igrejas fala mais de guerra, pisar os inimigos, destruir os  
      adversários, que em voltar a outra face a quem lhe bate em uma, andar a segunda  
      milha e amar os inimigos. Fala-se de guerra e não se menciona que bem aventurados        são os pacificadores. Fala-se de conversão sem dar ênfase ao discipulado radical.        Fala-se do espiritual sem falar do amor ao próximo na sua necessidade material.
                Estes “elementos de entretenimento” realçados nos cultos contemporâneos em muitas Igrejas, mesmo batistas, até funcionam como catalizador do povo, sobretudo a juventude. O problema está na insuficiência da mensagem pregada pois, como afirma o autor acima, há cânticos populares que contém ensinos incompletos ou até antagônicos ao modelo bíblico. 
            Ultimamente muito se tem comentado acerca do espantoso crescimento da Igreja Universal do Reino de Deus que, em cerca de dezessete anos arrebanhou, segundo a Revista Veja, 3,5 milhões de fiéis e já se espalhou por 34 países. Em número de fiéis só perde para a Igreja Assembléia de Deus; no entanto é a única a possuir uma rede de televisão, com 47 emissoras, um banco, uma gravadora e mais de uma dezena de emissoras de rádio.
              Citamos estes dados para exemplificar como, com elementos que não a pregação na sua concepção puramente bíblica, pode-se arrebanhar multidões.. Um de seus ex-bispos,  de nome Sérgio Von Helde, protagonista de uma grande polêmica em virtude de ter agredido diante de câmaras de televisão uma imagem da santa católica, Aparecida, em entrevista publicada pela mesma revista, demonstrou ser uma pessoa iletrada, que não lê nada além da Bíblia,  nem jornais, e que nunca leu um livro na vida que não fosse a Bíblia.
              Esta facilidade de as Igrejas crescerem através de outros recursos que não a prioridade da pregação é observada também  no contexto da Igreja norte americana.  Warren Wiersbe reconhece esta tendência pelo entretenimento. Para ele o principal substituto à verdadeira pregação é o desejo de que a Igreja receba a aprovação do mundo em geral e das pessoas “importantes”, em particular. Ele afirma que a Igreja de seu país trocou a aprovação de Deus pelos aplausos dos homens. Em busca destes aplausos tanto a pregação como tudo mais que constituem o culto se tornaram em mero entretenimento para o público cristão. Nesta crítica o autor ressalta também o que chama de “culto à personalidade”, uma tendência de valorizar pessoas e ministérios centrados em líderes carismáticos.
              Assim, os tidos “elementos de entretenimento” se constituem no meio mais fácil de se arrebanhar pessoas. Ressaltamos ainda que a própria pregação pode se constituir num destes elementos, na medida que se proponha a simplesmente preencher um espaço dentro de uma estratégia.
              Entendemos, portanto, que nossos dias são marcados pelo crescente desprestígio da pregação, isto refletindo-se no acentuamento de uma crise de identidade. A relação entre a pregação sem relevância e a insalubridade da vida cristã do povo é incontestável. Observamos ainda que a falta de crescimento de nossas Igrejas é sintoma do lugar ocupado pela pregação nos nossos dias e que a máxima “púlpito inócuo, bancos vazios” explica, ao menos em parte, o esvaziamento de muitos templos. Uma tentativa de impedir a apostasia, que não pelo tradicional método da pregação contextualizada, é a implementação do que chamamos “elementos de entretenimento”.
              Acreditamos que os demais elementos do culto precisam contextualizar-se à cultura dos adoradores a fim de torná-los mais que simples assistentes nos cultos. Entretanto, verificamos que o desafio  maior dos pregadores é restaurar o prestígio da pregação nos nossos dias. No próximo capítulo indicamos os primeiros passos nesta direção.

O crescente Desprestígio da Pregação



          A observação de que neste século, mais uma vez, a Igreja está marcada com o declínio da pregação, a exemplo do que houve no período pós-apostólico,  é demonstrada por Lloyd-Jones que, mesmo tendo algumas posturas “radicais”, defende a pregação como sendo a principal tarefa do pregador e a razão maior do seu chamado. 
              No final da década de 60 Lloyd-Jones já denunciava algumas das tendências de mudanças na ordem de culto geralmente pretendidas pelas igrejas, chamando-as de “elementos de entretenimento no culto”. Para ele, na medida em que a pregação perdeu sua importância, foi necessário dar ênfase a outras partes do culto. Em sua análise, o maior culpado pelo desprestígio da pregação é o próprio púlpito; toda vez que o púlpito está correto e a pregação é autêntica, isso atrai e arrebanha o povo para ouvir .
              Um famoso ministro norte americano, Warrem Wiersbe, destacado pelo ministério radiofônico que desenvolve há décadas e por alguns livros, escreveu uma obra traduzida para o português com o título “A Crise de Integridade”. Nele, o autor reconhece o desprestígio da pregação no meio evangélico de seu país e conclui: “o tipo errado de pregadores, compelido por motivos errados, criou o tipo errado de cristãos mediante a pregação da mensagem errada.”
              Desta forma, a pregação que é tão prioritária para a vida da Igreja tem, nos próprios pregadores, os principais responsáveis pelo seu desprestígio. Vale a pena lembrar a definição da pregação segundo Blackwood: “a verdade de Deus proclamada por uma personalidade escolhida com o fim de satisfazer as necessidades humanas”. Ora, podemos concluir que o fato da pregação estar desprestigiada se deve, principalmente, à incapacidade dos púlpitos em “satisfazer” as necessidades humanas.
              Aproveitando a definição acima vale ressaltar que o que faz a pregação é a veracidade bíblica exposta fielmente e aplicada relevantemente ao homem contemporâneo. Parece-nos que nos dias atuais nossos pregadores cumprem a primeira das condições e desprezam a segunda. 
               Estas mesmas duas condições podem ser encontradas na definição de sermão de  John H. Jowett. Para ele o sermão tem  que ser uma proclamação da verdade “como vitalmente relacionada com os homens e mulheres que vivem”. Ele diz que um sermão precisa tocar a vida onde o toque seja significativo, “tanto nas suas crises como nas suas corriqueirices”. Completa ainda que o sermão precisa ser  “aquela verdade que viaja em companhia dos homens morro acima e morro abaixo, ou na planície monótona”.
              É justamente por isso que a pregação é tão importante para os ouvintes. Há uma “fome” deste toque especial patrocinado pela Palavra pregada. Na medida em que esta pregação é ineficiente em suprir os ouvintes desta necessidade, deixa de ser prestigiada.
              Este desprestígio é observado também por  James Crane. Para ele isto se deve, principalmente,  à inaptidão em estabelecer objetivos realmente relevantes para a pregação. Crane lembra que a pregação só tem sentido quando imbuída de um propósito persuasivo. Argumentando acerca disso, ele cita G. Campbell Morgan:
      Toda pregação tem um só fim, a saber, o de tomar cativa a cidadela central da alma 
      humana, ou seja, a vontade.  O intelecto e as emoções constituem vias de aproximação 
      que devemos utilizar. Porém o que temos de recordar sempre é que não temos atingido 
      o verdadeiro fim da pregação enquanto não for atingida a vontade, constrangendo-a a 
      fazer sua escolha de acordo com a verdade que proclamamos.
                Sem este caráter persuasivo a pregação perde sua eficácia e, consequentemente, seu prestígio junto à própria Igreja.  E qual o resultado para a Igreja deste estágio em que a pregação se encontra? A própria Bíblia, no livro de Provérbios nos mostra o resultado natural da ausência da legítima e eficiente pregação: “Não havendo profecia, o povo se corrompe”.

A Contemporaneidade da Pregação dos Séculos XIX e XX



Há quem iguale o prestígio e eficiência da pregação do século XIX com o século primeiro, com Pedro e Paulo, e com o século IV, com Crisóstomo e Agostinho. Inegavelmente, este século foi marcado por grandes e renomados pregadores, como Finney, Brooks, Broadus, Moody, Spurgeon, Hall e Mclaren, alistados como os príncipes da pregação neste período.
Como grandes pregadores do século XIX Perry e Sell destacam, dentre outros, o norte americano Henry Ward Beecher (1813-1887). Beecher notabilizou-se pela pregação contra os vícios sociais de sua época, tendo sido líder do movimento anti escravista. Segundo estes autores, este pregador costumava pregar diretamente a respeito das necessidades pessoais de seus ouvintes.
Outro grande pregador deste período destacado por Perry e Sell é Phillips Brooks (1835-1893). Referem-se a Brooks como tendo sido um pregador "extraordinariamente sensível para com as necessidades humanas". Contam que ele costumava investir suas tardes em visitas ao seu povo, especialmente os pobres, doentes e atribulados. Transcrevem um comentário feito por um adimirador, de nome Bryce: "Brooks fala ao seu auditório como um homem fala ao seu amigo".
No intento de demonstrar a preocupação com a contemporaneidade por parte de ilustres pregadores, citamos como exemplos dois dentre estes mais destacados, Finney e Spurgeon.
Primeiramente citamos Charles G. Finney (1792-1875), que viveu uma intensa experiência de conversão em Nova Iorque, em 1821, sendo introduzido à Igreja Presbiteriana. Foi pastor presbiteriano e depois congrecionalista. Pregador avivacionalista, chega a ser apontado como "o mais ungido evangelista de reavivamento dos tempos modernos". Estima-se que mais de 250 mil almas se converteram como resultado de suas pregações.
Em sua obra Lectures on Revival (Preleções Sobre o Reavivamento), de 1835, Finney demonstrou sua esperança de que o reavivamento varresse os Estados Unidos, trazendo progresso e reformas sociais; democracia e abolição da escravidão, dentre outras consequências. Finney não pregava simplesmente sobre a vida eterna em Jesus, mas que a fé em Jesus seria o caminho para que a sociedade americana fosse redimida.
Outro ilustro pregador deste período foi o célebre Charles Haddon Spurgeon (1834-1892), um um pastor batista muito influente na Inglaterra. Em 1854 iniciou um ministério de 38 anos consecutivos na capela batista na Rua New Park, em Londres e, com apenas vinte e dois anos de idade era o pregador mais popular de Londres.
Em 1861 foi edificado o Tabernáculo Metropolitano nas Ruas Elephant e Castle, um templo com capacidade de abrigar 6 mil pessoas, onde Spurgeon ministrou ininterruptamente até sua morte. Junto ao Tabernáculo foi criado um seminário e uma sociedade de colportagem que enfatizava a distribuição de literaturas. Calcula-se que 14 mil membros foram acrescentados àquela Igreja durante o ministério de Spurgeon. Teve muitos de seus sermões publicados, num total de 3.800 deles!
Na obra "Lições Aos Meus Alunos" encontramos farto material resultante de preleções deste ilustre pregador que bem podem expressar sua preocupação com a relevância que a pregação precisa encontrar nas vidas dos ouvintes. Assim Spurgeon expressa sua preocupação com o desempenho eficiente dos pregadores:
É desejável que os ministros do Senhor sejam os elementos de vanguarda da Igreja. Na verdade, do Universo todo, pois a época o requer. Portanto, quanto a vocês, em suas qualificações pessoais, dou-lhes este moto: Sigam avante. Avante nas conquistas pessoais, avante nos dons e na graça, avante na capacitação para a obra, e avante no processo de amoldagem à imagem de Jesus.
Sobre a eficiência na comunicação da Verdade ao povo, Spurgeon afirmava que o ministro só seria verdadeiramente eficiente se fosse apto para ensinar. Sobre ministros inaptos, ele asseverou em tom hilário:
Vocês sabem de ministros que erraram a vocação e, evidentemente, não têm dons para exercê-la. Certifiquem-se de que ninguém pense a mesma coisa de vocês. Há colegas de ministério que pregam de modo intolerável: ou nos provocam raiva, ou nos dão sono. Nenhum anestésico pode igualar-se a alguns discursos nas propriedades soníferas. (...) Se alguns fossem condenados a ouvir os seus próprios sermões, teriam merecido julgamento, e logo clamariam como Caim: "É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo." Oxalá não caiamos sob a mesma condenação.
Esta tão bem humorada declaração de Spurgeon demonstra sua preocupação com a relevância da pregação na vida dos ouvintes. Esta foi a característica dos ilustres pregadores desta e das demais épocas.
Com relação ao nosso século, podemos notar algumas tendências que indicam o desprestígio da pregação nas Igrejas e a perda da centralidade no minstério pastoral. Para Martyn Lloyd-Jones, que enxergava este declínio da importância da pregação na Igreja do século XX, tal desprestígio se deve, primeiramente, à perda da crença na autoridade das Escrituras. Outra razão apontada pelo autor para este declínio é o fato de "a forma ter-se tornado mais importante que a substância, a oratória e a eloquência por conseguinte, coisas valiosas por si mesmas". Tal declínio da pregação no nosso século se acentua, porque, segundo Lloyd-Jones, "a pregação tornou-se uma forma de entretenimento".
A situação da pregação na atualidade é enfocada na próxima etapa da pesquisa, onde a opinião supra citada é reforçada com depoimentos de outros autores. Nos preocupamos também em discorrer acerca das consequências deste declínio de prestígio da pregação.

A Contemporaneidade na Pregação dos Reformadores



A Reforma marca um avivamento na pregação. Como fatores mais importantes deste avivamento Zórzoli destaca a nova ênfase na pregação como um elemento vital na vida e na adoração, tendo a mensagem proferida por um pregador voltado ao lugar que a missa havia ocupado. Além disso, o mesmo autor ainda acrescenta a influência da pregação na luta contra os erros patrocinados pela Igreja Papal, a volta da utilização do texto bíblico na pregação e o refinamento dos métodos homiléticos até então utilizados.
Os precursores anabatistas, além de Lutero, Calvino e Zwinglio, atestam o restabelecimento da prioridade da pregação.
Neste período surgem obras no campo da Homilética que merecem destaque, como a Ratio Brevissima Concionandi, de Felippe Melanchton (1517) e que em sua primeira parte discorre sobre as várias partes do discurso (exórdio, narração, preposição, argumentos, confirmação, ornamentos, amplificação, confutação, recaptulação e peroração), em seguida enfoca a maneira de desenvolver temas simples, depois como trabalhar com temas complexos, e assim por diante. Constitui-se numa das principais obras do gênero, conforme Burt.
Outra obra Homilética citada pelo mesmo autor é o Ecclesiastes, Sive Concionator Evangelicus, de Erasmo (c. de 1466-1536), que dividiu-se em quatro livros: o primeiro sobre a dignidade, piedade, pureza, prudência e outras virtudes que o pregador deve cultivar; o segundo sobre estudos que o pregador deve fazer; os demais sobre figuras do discurso e o caráter do sacerdócio.
Embora Martinho Lutero (1483-1546) não tenha escrito uma obra específica sobre a arte de pregar, Burt destaca suas Palestras à Mesa, das quais resume os seguintes preceitos homiléticos:
O bom pregador deve saber ensinar com clareza e ordem. Deve ter uma boa inteligência, uma boa voz, uma boa memória. Deve saber quando terminar, deve estudar muito para saber o que diz. Deve estar pronto a arriscar a vida, os bens e a glória, pela Verdade. Não deve levar a mal o enfado e a crítica de quem quer que seja.
Ainda sobre ensinos de Lutero acerca da pregação, Burt destaca estas palavras do reformador, voltadas especificamente aos jovens pregadores:
Tende-vos em pé com garbo, falai virilmente, sede expeditos. Quando fores pregar, voltai-vos para Deus e dizei-lhe: "Senhor meu, quero pregar para tua honra, falar de ti, magnificar e glorificar o teu nome". E que o vosso sermão seja dirigido não aos ouvintes mais conspícuos, mas aos mais simples e ignorantes. Ah! que cuidado tinha Jesus de ensinar com simplicidade. Das videiras, dos rebanhos, das árvores, deduzia Ele as suas parábolas; tudo para que as multidões compreendessem e retivessem a Verdade. Fiéis à vocação, nós receberemos o nosso prêmio, senão nesta vida, na futura.
Podemos perceber nestes conselhos de Lutero a preocupação de tornar a mensagem compreensível ao povo mais simples que compõe a Congregação. Esta é uma das características principais dos reformadores deste período.
Com relação a João Calvino (1509-1564), que foi pastor da Église St. Pierre, em Genebra, na Suíça, podemos destacar sua obra literária que foi amplamente distribuída e lida em todas as partes da Europa e que influenciou grandemente o movimento reformador.
Como teólogo e pastor, Calvino deu prioridade ao ensino das Escrituras, tendo escrito comentários sobre 23 livros do Antigo Testamento e sobre todos os livros do Novo Testamento, menos Apocalipse. Suas Institutas, obra composta de 79 capítulos e completada em 1559, é o principal de seus escritos.
Dentre outras coisas, Calvino é tido como um pregador preocupado com a delimitação do verdadeiro papel da Igreja na sociedade, tendo sido precursor de um grande impacto na sociedade de sua época. Ensinava que a Igreja precisava orar pelas autoridades políticas.
Comentando I Timóteo 2:2, afirmou que precisamos não somente obedecer a lei e os governantes, mas também em nossas orações suplicar pela salvação deles. Expressou também grande preocupação com a injustiça social. Comentando Salmo 82:3 , afirmou: "um justo e bem equilibrado governo será distinguido por manter os direitos dos pobres e dos aflitos". Sua pregação levou a Igreja de Genebra a batalhar contra os juros elevados, a lutar por oportunidades de empregos e tudo aquilo que era pertinente a uma sociedade secular mais humana.
Dentre os grandes pregadores do século XVI podemos destacar ainda John Knox (1514-1572), o reformador escocês. Uma de suas características marcantes foi sua visão social bem esclarecida expressa na defesa da obrigação de cada cristão cuidar dos pobres e no sistema elaborado por ele mediante o qual cada igreja sustentaria seus próprios necessitados e administraria escolas de catequese para todas as crianças, ricas e pobres.
Para Zórzoli, no geral, os séculos XVII e XVIII foram de novo declínio, com uma quase generalizada pobreza de púlpitos na Europa. Destaca pregadores como Baxter, Bunyan e Taylor, na Inglaterra, e Bossuet e Fenelon, na França, como sendo exceções no século XVII. Destaca como grandes pregadores e exceções do século XVIII, que considera marcado pela mediocridade, John e Carl Wesley, juntamente com George Whitefield, na Inglaterra, que produziram um avivamento centrado na pregação às multidões. Na América do Norte destaca Jonathan Edwards. Todos estes foram pregadores que conseguiram fazer a ponte da Palavra aos corações de multidões de pessoas.
Sobre Jonathan Edwards (1703-1758), cujo mais famoso sermão foi intitulado "Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado", pregado na Igreja Congregacional em Northampton, Massachusetts, em 1741, podemos destacar o seu sermão de despedida do pastorado daquela igreja, depois de 23 anos de ministério ali.
Ao buscardes o futuro progresso desta sociedade é de maior importância que eviteis a contenda. Um povo contencioso é um povo miserável. As contendas que têm surgido entre nós desde que me tornei vosso pastor têm sido o fardo mais pesado que tenho carregado no decurso do meu ministério - não somente contendas que tendes comigo, mas aquelas que tendes tido uns com os outros por questões de terras e outros interesses. Eu já sabia muito bem que a contenda, o espírito inflamado, a maledicência e coisas semelhantes, eram frontalmente contrárias ao espírito do Cristianismo e têm concorrido, de modo todo peculiar, para afastar o Espírito de Deus de um povo, a tornar sem efeito todos os seus meios de graça, além de destruir o conforto e o bem estar temporal de cada um. Permita-me que vos exorte com todo o vigor, que, daqui para a frente, todas as vezes que vos empenhardes na busca do vosso bem futuro, que vigieis atentamente contra ume espírito contencioso: "se quiserdes ver dias bons, buscai a paz e seguí-a"(2 Pedro 3:10-11).
Nota-se nesta transcrição da conclusão do sermão o cuidado de enfocar um assunto vivenciado pela congregação. O pregador falou ao povo sobre uma deficiência do povo. Esta contextualização da pregação determinou o sucesso e caracterizou os grandes pregadores em todos os períodos da história da pregação.

A Contemporaneidade na Pregação Pós-Apostólica



Segundo G. Burt, o período que seguiu o dos pais apostólicos foi assinalado por uma decadência. Ele afirma que o material homilético dos três séculos seguintes ao apostólico, é muito escasso. Mesmo assim cita algumas instruções de Clemente de Roma, Ignácio e Dionísio, no primeiro século, Aniceto no segundo e Cipriano, no terceiro.
L. M. Perry e C. Sell referem-se a Clemente de Roma (30-100 AD) como um pregador de objetivos éticos e que conseguia, através de suas mensagens, propiciar "consolo para as pessoas que atravessavam tribulação". Outro pregador deste período destacado por estes autores é Tertuliano ( 150-220 AD). Este teria sido um pregador exímio através de mensagens acerca da paciência e da penitência.
Um período de ascensão da oratória na Igreja iniciou-se no quarto século, quando a partir de então floresceram Ambrósio, Basílio, Gregório, Crisóstomo e Agostinho, os mais célebres pregadores da Igreja Antiga. Outros pegadores dos primeiros séculos, dignos de serem citados, são Orígenes, Lactâncio, Jerônimo e Cirilo de Alexandria, dentre outros, dos quais temos somente discursos e homilias. Destes pregadores, conforme Burt, destacam-se Crisóstomo e Agostinho, que trouxeram relevante contribuição à literatura Homilética.
A obra Peri Hierosynes, ou "De Sacerdócio", de Crisóstomo, escrita no início de seu ministério, expressa, ainda que indiretamente, alguns preceitos fundamentais para a Homilética da época:
1. O clérico - ou ministro - deve ser prudente e douto; 
2. Deve possuir alocução fácil; 
3. Deve conhecer as controvérsias entre gregos e judeus; 
4. Deve ser hábil na dialéctica (como Paulo, não menos grande na arte de falar do que nos escritos e ações); 
5. Há necessidade de um longo e sério preparo para o ministério; 
6. É indispensável o desdém pelos aplausos humanos; 
7. Cada sermão deve ser um meio de glorificar a Deus.
Parece-nos que a capacidade de flexibilizar a mensagem a ponto de torná-la adequada ao contexto dos ouvintes ainda que não esteja explicitamente anunciada acima, pode ser compreendida nas entrelinhas destas afirmações. Entretanto, parece óbvio que a maior preocupação era para com a oratória e a dialéctica. Ao referir-se a este mesmo pregador o Dr. Shepard ressalta que ele foi proeminente entre os principais pregadores de todos os tempos. Refere-se à sua instrução na ciência do direito, do seu intelecto extraordinário e de seu despontamento como mestre no discurso argumentativo e da retórica. Ainda sobre Crisóstomo, Shepard destaca que "conhecia a natureza humana e nos seus discursos jamais se esqueceu de que os seus argumentos eram para convencer o povo". Para este autor os sermões de Crisóstomo refletem de modo vivo as condições do seu tempo. Outra característica deste célebre pregador era sua simplicidade, sua clara preocupação em falar ao povo de sua época. Shepard enaltece a capacidade de Crisóstomo de interpretar a Palavra e de aplicá-la às necessidades do povo de sua época.
Na verdade, João de Constantinopla (c. 347-407), que era natural de Antioquia da Síria e filho de mãe cristã, foi bispo de Constantinopla. Quando ocupou este tão importante cargo seu primeiro objetivo foi reformar a vida do clero. Justo Gonzales relata que alguns sacerdotes que diziam ser celibatários tinham em suas casas mulheres que chamavam de irmãs espirituais, e isto escandalizava a muitos. Além disso, outros cléricos haviam se tornado ricos e viviam em grande luxo e o trabalho pastoral da Igreja era negligenciado.
As finanças foram submetidas a um sistema de controle detalhado. Os objetos de luxo que havia no palácio do bispo foram vendidos para dar de comer aos pobres.   (...) É desnecessário mencionar que isto tudo, apesar de lhe conquistar o respeito de muitos, também lhe granjeou o ódio de outros.
O empenho do bispo de Constantinopla não limitou-se apenas ao clero. Seus sermões exortavam os leigos a que levassem uma vida nos moldes dos princípios cristãos:
Este freio de ouro na boca do teu cavalo, este aro de ouro no braço do teu escravo, estes adornos dourados em teus sapatos, são sinal de que estás roubando o órfão e matando de fome a viúva. Depois de morreres, quem passar pela tua casa dirá: "Com quantas lágrimas ele construiu este palácio? Quantos órfãos se viram nus, quantas viúvas injuriadas, quantos operários receberam salários injustos?" Assim, nem mesmo a morte te livrará dos teus acusadores.
Eis aí um exemplo de pregador contextualizado ao seu povo. Ele recebeu o título de "Crisóstomo" ( língua de ouro) cerca de 100 anos após a sua morte, face ao respeito que conquistou com seus sermões, tratados e cartas publicados. A história nos conta que Crisóstomo morreu no exílio, nas montanhas da Ásia Menor.
O outro grande pregador destacado neste período foi Agostinho de Hipona (354-430).Tido por muitos como o maior teólogo da antiguidade, converteu-se em Milão em meio a uma exortação ouvida por acaso num jardim, tirada de Romanos 13:13-14; foi batizado por Ambrósio em 387.
Antes de sua conversão fora mestre de retórica; por isso em suas obras podem ser encontradas muitas instruções quanto à oratória, especialmente na obra De Proferendo, um dos quatro livros que constituem a sua Doctrina Christiana. Dela podemos retirar o conceito de "ótimo pregador" de Agostinho: "É aquele de quem a congregação ouve a Verdade, compreendendo o que ouve". Para Agostinho a vitória do pregador consistia em levar o ouvinte a agir. A pregação atraente devia ser temperada de sã doutrina e gravidade.
Agostinho foi ordenado bispo em Hipona, no norte da África, em 395. Dentre seus escritos merece atenção especial as suas Confissões, uma autobiografia onde o conta a Deus, em oração, suas lutas e peregrinação. É tida como uma obra única em seu gênero na antiguidade. Outra obra a destacar é A Cidade de Deus, escrita sob a motivação da queda da cidade de Roma, em 410, e tida como a maior de todas as suas obras literárias. Nesta, Agostinho responde àqueles que afirmavam que Roma tivesse caído porque se tinha entregue ao cristianismo e abandonado os velhos deuses que a tinham feito grande.
Dennis F.Kinlaw enaltece grandemente tanto a obra literária como a pregação de Agostinho. Para ele o bispo de Hipona exemplifica o dever de todo pregador em ser um intérprete de sua época. Este autor sugere a leitura do sermão pregado por Agostinho no primeiro domingo após o recebimento da notícia de que Roma caíra nas mãos dos invasores godos, liderados por Alarico, em 410, como um digno exemplo de sermão contextualizado. Kinlaw define Agostinho como um homem de "visão clara de onde se encontrava a humanidade na sua peregrinação para Deus".
No intento de comprovarmos a preocupação com a mensagem contextualizada por parte dos pregadores na história da pregação, reconhecemos que após o ápice alcançado com Crisóstomo e Agostinho, houveram pelo menos sete séculos de obscurantismo. O Dr. Ruben Zorzoli, professor do Seminário Internacional de Buenos Aires, decreve este período como tendo sido marcado "por completa escuridão e declínio".
Segundo Zórzoli, alguns fatores que contribuiram para este declínio foram a corrupção do clero, o crescimento das formas litúrgicas (que substituíram o lugar da pregação), a elevação da função sacerdotal sobre a do pregador, as controvérsias doutrinais, e o declínio no conteúdo da pregação pelo uso extremo da alegorização bíblica.
O Dr. G. Burt comenta que nesta época utilizava-se a postilla, uma brevíssima paráfrase do texto bíblico, e que apenas alguns privilegiados tinham direito a assistí-la. Estes privilegiados eram chamados akpoumenoi na Igreja grega eaudientes na latina.
Nos séculos XII e XIII houve uma recuperação no prestígio da pregação. Zorzoli ressalta como motivos desta mudança as reformas na vida do clero, instituídas pelo papa Gregório VII; o avivamento intelectual resultante do escolasticismo e que elevou o conteúdo da pregação; a propagação de seitas heréticas que faziam uso da pregação - o que constrangeu a Igreja Católica a reagir; as cruzadas, que se utilizavam da pregação na mobilização das massas populares, e o uso crescente do idioma popular na pregação.
O mesmo autor assevera que, apesar desta recuperação, este período da história da pregação ainda foi marcado pelos erros, dentre os quais destaca o uso do material extra bíblico como se fosse bíblico, a interpretação e aplicação equivocados, o uso extremo da alegoria e a frequente falta de texto bíblico nas mensagens.
Com o surgimento das ordens missionárias dos Franciscanos e Dominicanos, no século XIII, a pregação ganha mais notoriedade.
A preocupação de falar ao povo, de contextualizar-se à realidade dos ouvintes, parece existir numa obra de Guibert de Nogent, abade francês que morreu em 1124. Dentre os seus preceitos homiléticos destacam-se os seguintes: o pregador deve exercitar o seu talento o mais frequentemente possível, nunca deve assumir o púlpito sem ter orado, deve ser breve, dar preferência a assuntos práticos e não dogmáticos. Conclui que "poucas coisas ouvidas e guardadas valem mais que muitas que passem pela cabeça do auditório, sem penetrar nem a inteligência, nem a consciência."
Perry e Sell destacam deste período alguns pregadores. Um deles é o alemão Berthold von Regensburg (1220-1272) que, com seus sermões práticos "atacou os pecados de todas as classes na época de um grande interregno na Alemanha". Acrescentam ainda que Regensburg buscava sempre atingir as necessidades do povo. Destacam também o inglês John Wycliffe (1329-1384), igualmente realçado como um pregador "prático, que se dedicou ao cuidado das almas".
Já nos séculos XIV e XV houve um novo declínio na ênfase da pregação, quando esta deixou de priorizar a população, dando lugar ao intelectualismo árido do escolasticismo. Além disso, contribuíram para isto o período de estabilidade que passava a Igreja Católica, sem as ameaças hereges. Um novo despertamento viria com o século XVI e a Reforma.

A Contemporaneidade na Pregação Apostólica



Quando pensamos em pregação apostólica, tendo por fonte de pesquisa o Novo Testamento, ficamos restritos a dois expoentes na pregação da Igreja Primitiva: Pedro e Paulo. O primeiro muito mais pelo sermão pregado no Pentecostes (Atos capítulo 2) e o sermão incompleto pregado na casa de Cornélio (Atos capítulo 10). Com relação a Paulo, temos os sermões transcritos em Atos, o primeiro na sinagoga de Antioquia da Psídia (capítulo 13), o segundo no Areópago, em Atenas (capítulo 17) , o terceiro em Mileto, aos anciãos da Igreja em Éfeso (capítulo 20) , o quarto ao povo judeu irado, em Jerusalém, o que na verdade não pode ser considerado um sermão, mas um testemunho pessoal (capítulo 22) e o derradeiro na presença do rei Agripa (capítulo 26). Além disso, as treze epístolas atribuídas à autoria paulina igualmente podem nos auxiliar neste intento.
Quanto à pregação de Pedro, pouco podemos analisar face a falta de esboços. Entretanto, podemos assegurar que atingiu em cheio o objetivo da pregação pela resposta dada pela população, conforme nos assevera a Bíblia, quando quase três mil almas se converteram seguida pela mesma resposta na casa do oficial romano.
Sabemos ser improvável que Lucas tenha registrado as palavras exatas de Pedro, mas, certamente, registrou a essência do sermão pregado pelo apóstolo. Tal sermão visou provar tanto pela profecia de Joel como pelo salmo de Davi que Jesus era verdadeiramente o Messias, e que este ressuscitara dentre os mortos. Tão bem sucedido foi o pregador que os ouvintes o inquiriram acerca de que atitude deveriam tomar.
Podemos afirmar que Pedro utilizou-se exatamente das ferramentas adequadas para tratar com israelitas de diversas nacionalidades: ele os chama "israelitas" e não judeus, justamente porque a segunda forma de tratamento pressupunha que habitavam em Judá; além disso utiliza argumentação puramente veterotestamentária para persuadi-los.
Outro fato a destacar é que o próprio Espírito Santo cooperou para que não houvessem barreiras na comunicação da Verdade, pois Ele deu a cada israelita estrangeiro a oportunidade de ouvir na sua própria língua o testemunho dos discípulos. No envio de Pedro à casa de Cornélio, por obra do Espírito - que convenceu o apóstolo reticente e lhe possibilitou compreender que o Evangelho era igualmente destinado aos gentios - encontramos outro exemplo de que o próprio Espírito Santo ensina o caminho da contextualização.
O material acerca da pregação do apóstolo Paulo é muito mais farto, justamente por que o livro de Atos lhe dá especial destaque. Além disso temos toda a sua produção literária constituída por suas epístolas que muito nos podem auxiliar na averiguação do estilo de pregação do apóstolo. C. H. Dodd ressalta a riqueza de informações que o Novo Testamento nos apresenta acerca de Paulo e, com base nestas informações, enaltece a inteligência e a versatilidade da pregação do apóstolo.
As cartas de Paulo são intensamente vivas - vivas como poucos documentos chegados até nós de tão remota antiguidade. Elas nos dão não um mero esquema de pensamento, mas um homem vivo. Era uma pessoa de extraordinária versatilidade e variedade.(...) Era igualmente alguém capaz de aplicar a fria crítica da razão aos seus próprios sonhos, e de julgar com sereno equilíbrio o valor verdadeiro dos fenômenos anormais da religião. (...) O seu pensamento é forte e sublime, mais aventuroso que sistemático. Possuía uma inteligência colhedora e uma faculdade de assimilar e usar as idéias dos outros, o que é um grande atributo para quem tenha uma nova mensagem para propagar; sabia pensar nos termos das outras pessoas.
É justamente esta habilidade última observada por Dodd, de que Paulo sabia pensar nos termos das outras pessoas, que ressalta a contemporaneidade de sua pregação.
No congresso realizado na cidade suíça de Lausanne, em 1974, o missiólogo Michael Green asseverou dentre várias características da evangelização por parte da Igreja Apostólica, que esta era flexível em sua mensagem. Para ele aquela Igreja adaptava-se ao público e às circunstâncias, de acordo com a necessidade do momento, com a cultura, o lugar, o povo. Esta flexibilidade é característica na pregação do apóstolo Paulo.
Especificamente acerca da pregação do apóstolo Paulo, o Dr. Shepard enaltece sua personalidade e a capacidade de adaptar-se às circunstâncias, classificando-o como "o maior dos pregadores, exceto Cristo".
Foi uma personalidade altamente enriquecida, tanto dos dons hereditários como de educação aprimorada. Nos seus discursos, às vezes, a veemência da natureza corre como o rio, avolumado por chuvas torrenciais; às vezes aparece tão terna e mansa a sua palavra como o amor de mãe. O seu fim no trabalho foi a edificação do caráter cristão. A sua habilidade de adaptar-se às circunstâncias do seu ministério parecia infinita. Os seus sermões eram a lógica personificada, uma correnteza de argumento e apelo que levava tudo de vencida, na sua força irresistível. (...) Majestoso pelo seu intelecto estupendo, versatilíssimo, poderoso no uso da palavra, incansável, infinito em adaptabilidade, esse gênio natural, reforçado pelo preparo mais completo, entregue nas mãos de Deus, representa nas cenas da história o papel de verdadeiro gigante espiritual proeminente na lista dos heróis da fé...
Assim, não resta dúvidas de que um dos pontos altos da pregação de Paulo era sua habilidade em contextualizar-se para alcançar a relevância junto a seus ouvintes. Podemos ainda destacar com relação à pregação apostólica registrada no Novo Testamento, que era essencialmente bíblica, referindo-se fartamente a textos do Antigo Testamento, que era Cristocêntrica, pois a cruz de Cristo era o ponto central, além de flexível em sua forma.
Sendo bíblica e contextualizada, a pregação apostólica nos serve de modelo pois, é justamente este binômio que entendemos ser fundamental à pregação eficiente.
A flexibilidade da mensagem se expressa muito bem também nos sermões pregados por Pedro, Estevão, além dos pregados por Paulo em Atos e nas cartas endereçadas às várias Igrejas. Aos judeus o tema da mensagem foi "Jesus o Messias e o Servo Sofredor", isto claramente posto na pregação de Pedro no Pentecostes e no discurso de Estevão. Aos romanos a temática foi a "justificação e o senhorio de Cristo", conforme bem podemos perceber na epístola aos Romanos; e aos gregos o tema da pregação foi "a ressurreição dos mortos " e "O Logos de Deus".
Isto também é observado por Orlando Costas, ao afirmar que todo pregador necessita ter em conta a cultura de seus ouvintes se é que deseja comunicar-se eficazmente. Ele nota nos pregadores bíblicos a capacidade de refletir profundamente sobre a cultura de seu tempo e cita como exemplos os apóstolos Paulo e João:
Paulo se acerca dos filósofos estóicos em Atenas fazendo uso das próprias categorias deles, lhes fala do deus desconhecido e capta sua atenção. Daí passa ao problema básico dos gregos: a ressurreição dos mortos, e especificamente, a ressurreição de Cristo (Atos 17). João toma emprestado um termo da filosofia clássica grega (logos) para comunicar a fé cristã, usando, pois, os símbolos característicos de sua cultura, e expõe ante seu mundo a mensagem cristã. Desta forma, o Novo Testamento nos oferece elementos para dizermos que a Igreja Primitiva cumpria seu papel de pregação da Palavra eficientemente, porque era bíblica e, ao mesmo tempo, flexibilizava a mensagem, levando em conta a realidade dos ouvintes.