A PREGAÇÃO DE JOÃO
BATISTA
O tema do texto
abaixo, publicado pela revista Ultimato Set/Out-99, é João Batista. Não
sei se ele realmente foi o maior fenômeno da história da pregação, até mesmo
porque Jesus disse “entre os nascidos de mulher não surgiu ninguém
maior do que João Batista; todavia, o menor no Reino dos céus é maior do que
ele” (Mt. 11:11). Contudo, João Batista é, no mínimo, um caso
interessantíssimo, ao qual os pregadores contemporâneos deveriam dar uma maior
atenção
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Ele não construiu uma
catedral. Não comprou um cinema. Não alugou um auditório no centro de
Jerusalém. Não armou uma tenda gigante. Pregava no deserto, no deserto da
Judéia, do lado ocidental do mar Morto.
Ele não ia atrás de
ouvintes. Os ouvintes é que iam atrás dele. E eram muitos: “todosos
habitantes de Jerusalém” (Mc 1.5), “toda a Judéia e toda a
circunvizinhança do Jordão” (Mt 3.5).
Ele não
espalhava outdoors nem colocava faixas para anunciar as
reuniões. Não punha chamadas nas emissoras de rádio e televisão. Não publicava
convites nos jornais nem mandava distribuir volantes de casa em casa. Não
afixava cartazes bem feitos em paredes e postes. Não contava com trios
elétricos para percorrer toda a região nem tocava trombeta para chamar a
atenção dos transeuntes.
Ele não contratava
bandas. Não anunciava shows. Não convidava cantores famosos. Não fazia propaganda
de milagres, não anunciava curas, não pregava sobre prosperidade nem prometia
noivas e noivos para os solteiros. Não sabia fazer louvor aeróbico.
Ele não usava vestes
talares. Vestia-se agressivamente: cobria o corpo com pêlos de camelo e
amarrava-os com um cinto de couro.
Ele não tinha papas
na língua. Não pregava mensagens adocicadas. Não rodeava. Ia direto ao assunto.
Não fazia (nem levantava) ofertas. Exigia ações do tipo: “Façam coisas que
mostrem que vocês se arrependeram dos seus pecados” (Mt 3.8, BLH). Pregava o
batismo de arrependimento, arrependimento de pecados recentes e remotos, de
pecados individuais e coletivos. Não era muito educado com seus ouvintes.
Chamava-os de “raça de víboras” (Mt 3.7). Provocava neles o temor do Senhor.
Destruía-lhes as falsas esperanças e arrancava deles o manto que encobria suas
grosserias. Clamava pela urgência: “O machado já está pronto para cortar as
árvores pela raiz” (Mt 3.10, BLH).
Não obstante a falta
de promoção, não obstante o local impróprio e distante, não obstante o
temperamento excêntrico do pregador, não obstante a sua mensagem ator doadora,
as multidões saíam a João Batista para ser batizadas por ele (Lc 3.7). O homem
começou a pregar no 15º ano de Tibério César, o imperador romano, quando Pilatos
já era governador da Judéia (Lc 3.1). Ele era aquele que, por força da profecia
e por força das circunstâncias, prepararia o caminho do Senhor, endireitando as
suas veredas (Mt 3.3). Ele mesmo não era a luz, mas veio para falar a respeito
da luz (Jo 1.8).
Não é possível
entender tamanha popularidade nem o respeito que o povo tinha por ele como
profeta (Mt 14.5). João Batista é o maior fenômeno na história da pregação!
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